sábado, 24 de janeiro de 2009

Milk - CINEMA...e não só!



Muito se fala sobre a proximidade do cinema à realidade e da realidade ao cinema, e ás vezes gostaríamos que não fosse só o cinema a repetir, a relembrar o que se passou na realidade, mas sim, que a história se repetisse a si própria, e que não se esquecesse de si.

Ainda não falei neste blog, sobre a grande vitória de Obama nas eleições Norte-Americanas e no fundo do Mundo, ficam portanto desde já os nossos parabéns! E perguntam vocês porque razão fui buscar Obama para uma crítica sobre cinema?! A resposta é por demais evidente, vamos fazer aqui conovosco um exercício político e mais que tudo social, penso que será este o melhor elogio e contributo que podemos fazer depois de ver este brilhante filme!

Falamos de Milk, o último filme de Gus Van Sant e podemos dizer também de Sean Pen. Este filme fala sobre a ascensão de um homossexual assumido a um cargo no governo do estado Norte-Americano da California. A luta incessante pela igualdade de direitos, conseguindo algumas conquistas de relevo para esta comunidade, obrigando a sociedade da época a aceitara sua posição e a juntar-se também a eles.

Uma história verídica, em que Sean Pen desempenha um papel de Harvey Milk de uma forma absolutamente brilhante, nunca se desviando da personagem, imparável e mostrando aquilo que todos já estamos habituados, mas conseguindo mesmo assim surpreender-nos sempre com papeis novos e vencendo sempre esses desafios. Este é na minha opinião o papel do ano e certamente também um dos melhores filmes do ano! Mesmo que nesta categoria existam fortes candidatos ao Óscar, este é claramente a melhor representação masculina do ano.

A pesquisa á volta do guarda roupa e cenários, é bastante boa conseguindo com isso imprimir toda a veracidade necessária para nos levar ao que consideraro ser um dos aspectos mais importantes do filme, o ambiente vivido naquele momento social e político.

Para quem viu Brockback Moutain e ficou de certa forma desconfortável com as imagens homossexuais presentes no filme, mas que, e porque é inteligente, as aceitou e ficou com pena de uma sociedade que não permite o amor vivido por aqueles dois homens, tem agora uma segunda oportunidade, de poder sentir que para além da diferença e do desconforto que causa ver algumas imagens, provocado pela educação deficiente, perceber que todos tem direito à sua vida e à sua privacidade.

Voltando a Barack Obama, o que vos digo é que fiquei, como todos, feliz por vê-lo ascender à presidência, não que conte que vá salvar o Mundo de graves problemas económicos, não, porque isso tenho a certeza que nem ele nem outro o fariam, pelo menos, nem em um, nem em provavelmente 2 mandatos o conseguiriam fazer! Ele tem pelo menos a desculpa de que se não conseguir salvar o mundo, também não foi ele que o estragou! Mas, o aspecto essencial que podemos tirar desta eleição é incontornávelmente o facto de ter sido eleito o 1º negro, preto, mulato, café com leite (o que quiserem, bolas!!!), para Presidente dos EUA. E o Mundo ficou-se a sentir subitamente fantástico e orgulhoso de si mesmo, e eu também! O exercício que vos proponho é que imaginem agora o mesmo em Portugal e no resto do mundo, e vocês respondem que isso é canja, o mundo está plenamente preparado, CERTO..., imaginem agora se fosse assumidamente homossexual, se em vez da família bonita conforme os standards, um homem, uma mulher e duas filhas lindas eram dois homens, abraçados aos beijos comemorando a vitória...

Pois é, parece que temos todos ainda muito que evoluir!

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